Levanta a mão quem, quando criança, ficou curiosa para saber qual a sensação que
as pessoas dos filmes e novelas sentiam, aquela que fazia com que eles ficassem
enrolados nos lençóis e tão felizes?

Por muitos anos, o olhar ao desejo feminino sempre foi considerado pecado. Mesmo
para pessoas não ligadas a religião, o ato de pensar em sexo sendo mulher esteve
constantemente interligado a fatores negativos estabelecidos pela sociedade,
beirando o preconceito, tornando a observação e os desejos carnais femininos
ocultos, dificultando, inclusive, o autoconhecimento do corpo. Infelizmente, muitas
mulheres ainda têm dúvidas sobre o prazer. Em uma sociedade patriarcal, surge a
pergunta: Como saber se eu gozei? Mas não se preocupe, estamos aqui para libertar
e ensinar você a se deliciar com os estímulos!

A primeira coisa que queremos te informar – e tranquilizar! – é que essa pergunta
não é, nem de longe, constrangedora. Independente da idade, de adolescentes à
mulheres maduras, as dúvidas sobre o que é o gozo existem, e estamos aqui para
ajudar com isso.

Muitas dessas questões surgem porque, desde novas, fomos ensinadas a não falar
sobre sexo. Todo mundo sabia que um dia você iria transar, mas ninguém queria lhe
ensinar sobre, como se não falar sobre o assunto fosse purificar você.

Levanta a mão quem, quando criança, ficou curiosa para saber qual a sensação que
as pessoas dos filmes e novelas sentiam, aquela que fazia com que eles ficassem
enrolados nos lençóis e tão felizes? E, mesmo sem entender, teve vergonha de
perguntar àquilo aos familiares – as que perguntaram, foram logo ensinadas que
era algo feio, ou sujo, e ouviram frases como: “Você ainda não tem idade para saber
sobre isso”, “Quando você for mais velha, irá entender”, “Moça de respeito não
pergunta sobre”, e foi dessa forma que crescemos castradas, nos privando de
entender os nossos próprios interesses e condições. Até o nosso pensamento foi
punido.

Mas agora, vamos ao fato: Sim, somos mulheres, pensamos em sexo, fazemos sexo
e podemos – ou não – gozar!

A verdade é que o gozo está ligado ao ato de “chegar lá” (mas não é
necessariamente isso), e muitas de nós, mesmo com diversas experiências com
parceiros sexuais diferentes, nunca chegaram lá. E isso não faz de ninguém
estranha, ou pior do que a outra, mas tem algo que pode libertar e auxiliar na
obtenção desse objetivo: o conhecimento.

Ficou confusa? Calma! Vamos explicar didaticamente.

Afinal, qual a diferença entre gozo e orgasmo?

É preciso saber que existem diferenças entre o gozo e o orgasmo, e o prazer pode
ser alcançado durante toda a relação, mesmo antes de atingir os dois, e ainda mais:
é possível alcançar um e não alcançar o outro.

O orgasmo é o ápice da relação sexual, é aquilo que você quer ter ao se relacionar
com algum parceiro ou, até mesmo, sozinha. Se você tem dúvidas se já atingiu o
orgasmo ou não: acredite, você não atingiu. Porque quando você alcançar, vai saber.
Mas erroneamente, ele é confundido com o gozo. É aquela sensação que você sente
e diz “gozei!”. Não, você pode até ter gozado, mas essa sensação é o orgasmo. Para
alcançá-lo, é preciso saber que ele está diretamente atrelado a mente e a
imaginação, e também a fatores físicos.

Cientificamente, para que uma mulher se sinta bem na relação, existe uma
combinação de fatores físicos e psicológicos. Fisicamente, é necessário que você
não sinta desconforto, e esteja sentindo-se à vontade com o parceiro. Do ponto de
vista psicológico, é necessário que você se sinta bem com o seu corpo e saiba do
que ele é capaz, com ou sem dupla, afinal, a masturbação pode fazer com que você
tenha sensações e viva experiências incríveis.

Não tente pensar no que você lê em livros, ou assiste na televisão – o orgasmo
pode acontecer sem você “ver estrelas” ou subir em uma “montanha-russa”. Na
realidade, a vontade chega, aumenta, ocorre o pico e logo após vai embora. Mas
esse pico não é generalizado e cada pessoa pode senti-lo por um tempo diferente.
Além disso, existem diferentes intensidades e tipos – inclusive, temos um post aqui
no blog falando sobre, clique para conferir.

E o que é o gozo, especificamente?

Primeiro, queremos deixar claro que existem diferenças claras entre o gozar
feminino e o masculino. É muito comum associar a ideia de gozar com a liberação de
uma secreção vinda da vagina no ato do prazer, como se fosse semelhante à
masculina, mas não é bem assim. Isso porque durante o sexo a vagina também
solta um líquido, e isso não é o gozo. Então, em poucas palavras, para as mulheres,
gozar significa produzir muito fluído durante o sexo, mas diferente do lubrificante
natural.

O gozo acontece somente com estímulo e em grande quantidade, durante um
momento de intenso prazer, mas não necessariamente durante o orgasmo,
enquanto que a lubrificação vaginal pode acontecer a qualquer momento do seu
dia, já que ela está ligada a excitação. Ela é a preparação do corpo para receber o
estímulo, seja o dedo, o pênis ou algum brinquedo sexual, deixando o canal vaginal
escorregadio, para evitar machucados. Deu para entender?

Ou seja, durante o sexo você pode gozar, mas pode não alcançar o orgasmo – e o
contrário também pode ocorrer. Isso não vai fazer de você alguém estranha ou
diferente.

É muito importante que você – mulher – não fique se comparando a outra. Cada
pessoa tem o seu ritmo e funciona de maneira diferente. Inclusive, no momento
pós-prazer, cada corpo reage de uma forma distinta. Algumas mulheres ficam meio
moles e com sono, outras se recuperam rapidamente e em minutos estarão prontas
para outra, tudo isso é comum, o que não vale é entrar em neuras. O sistema cobra
que nós estejamos sempre dentro de padrões inalcançáveis, que estejamos
preocupadas em dar prazer ao parceiro sexual, se ele for homem, e é justamente
isso que não queremos ser! Queremos liberdade de sentir prazer e de ofertar na
mesma proporção.O gozo é um tabu também para a ciência, isso porque ele
também é conhecido como ejaculação feminina, e existem diferentes teorias sobre
como ele surge. Desconfia-se que ele seja fabricado pela glândula de Skeene, que
fica próxima ao clitóris e a abertura da uretra, sendo responsável pela lubrificação –
surgindo daí o termo squirting.

Uma coisa é fato: toda mulher é capaz de gozar, pois todas possuem a glândula de
Skeene. Porém, muitas mulheres passam a vida toda sem gozar – e não há nada de
errado com o seu corpo por isso. Esse evento não tem relação com doenças